09/06/2009

nota 4 - sobre barulho nas grandes cidades.

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aqui em salvador (não tenho conhecimento deste problema em outras cidades) já há alguns anos vem se popularizando uma prática que me deixa fora de mim: pessoas instalam equipamentos de som super potentes nos seus carros e os ligam em locais públicos.
o que quero lembrar aqui é que como o som se espalha no ambiente fazendo com que todos ouçam-no (quem quer e quem não quer ouvir tem que ouvir, é obrigado a ouvir) isto se torna um problema de todos, afeta a todos, é um problema público e não privado. Por exemplo: um determinado condomínio de prédios onde nos fins de semana algumas pessoas ligam o som potente do seu carro afetando a vida de todos. digamos que existam pessoas que não queiram ouvir som, como idosos, doentes, pessoas que queiram ler, estudar, escutar outro tipo de som dentro de casa, ou assistir a um vídeo, ou simplesmente descansar ou dormir. o que fazer?
como fazer o silêncio (também) existir dentro de uma sociedade totalmente esquizofrênica e voltada para a banalização dessa esfera monstruosa do barulho úbiquo advindo de nossa enorme maquinosfera?
mais um caso seríssimo de saúde pública. o barulho nos adoece. Estamos todos doentes. Já não sabemos ouvir.
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2 comentários:

anaÊ disse...

E assim o é nos interiores da Bahia onde morei ou passei.

E assim é também na zona rural por onde trabalho. Parece incrível chegar naquele lugar distante do centro de uma cidade do interior, distante mesmo, (quilômetros), ver as casas super-simplies, pequenas, muitas sem reboco, algumas ainda de taipa, ir chegando perto e perceber que o som de dentro da casa está tão alto que o morador não consegue ouvir o "ô de dentro!"

E tudo ao redor é quieto. Quase não tem motor. Somente aquele hábito perturbador do som alto que me faz realizar que estamos todos no mesmo mundo, que a separação campo-cidade está em outra dimensão.

anaÊ disse...

Além de tudo, o silêncio assim como a pausa, a reflexão, a paciência, o timing menos acelerado incomodam a muita gente!

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